Osteopatia

osteopatia

História e Conceito

Still nasceu a 6 de Agosto de 1828, o seu pai terá tido uma grande influência sobre ele, era pastor metodista, médico e fazendeiro.

Como era costume na época, ele iniciou a medicina com o seu pai e interessou-se bastante pela anatomia, que pôde estudar primeiramente nos cadáveres dos índios e mais tarde durante a guerra da Secessão, durante a qual foi médico-cirurgião dos confederados.

Em 1865 ele perde quatro membro da família devido a uma epidemia de meningite.

Still fica traumatizado pela impotência da medicina para salvar os seus filhos e a partir deste momento começa a duvidar da medicina que pratica e inicia pesquisas em diferentes direções e é de forma empírica que ele trata uma criança vítima de disenteria (fatal na época) que encontra na rua contorcendo-se com dores, seguindo-se a cura de outros dezassete casos nos dias que se seguiram.

Desta maneira, Andrew ficou convencido que havia uma outra forma de tratar.

Ele anuncia a data oficial da invenção da osteopatia em 22 de Junho de 1874.

Torna-se osteopata itinerante, ele trata quase todas as doenças e descobre à medida que o passa o recurso das suas descobertas.

Em 1892 ele funda a escola americana de osteopatia.

A osteopatia é combatida pela medicina alopática que conseguiria fechar vários colégios de medicina onde essa disciplina era ministrada. Apesar disso a osteopatia continua e de 1930 a 1969, a osteopatia é pouco a pouco reconhecida em todos os estados americanos. Os osteopatas americanos obtêm progressivamente todos os direitos e privilégios medicos e cirúrgicos.

Morreu em 1917. No leito da sua morte ele faz prometer a um aluno seu inglês – J.M. Littlejohn, a promessa de propagar a osteopatia na Europa, vindo este a fundar a British School of Osteopathy.

Andrew Taylor Still – Wikipédia (Inglês)

Andrew Taylor Still foi o primeiro a reconhecer e integrar dentro de um sistema terapêutico, o facto de que o organismo humano pode resistir e defender-se das influências nocivas, modificando o equilíbrio do meio interior para se reconstituir.

Ele reconheceu e colocou em prática o conceito da unidade do corpo que se expressa pelo facto de que toda a estrutura ou função anormal de uma determinada parte do corpo possui uma influência anormal às funções das restantes partes.

Os distúrbios mecânicos possuem uma influência desfavorável sob as estruturas e as funções das outras partes do corpo, provocando a instalação do processo patológico. Esse complexo constitui uma lesão osteopática.

Para Still, “a estrutura governa a função”, todas as patologias tinham por origem um desfuncionamento da estrutura e uma que a estrutura restabeleça o equilíbrio a patologia desapareceria.

Convém agora a partir dos progressos realizados pelos pesquisadores, em particular I.Korr (PH.D), de dizer que o contrário também é verdade, isso quer dizer segundo ele:

  • “As funções podem também governar as estruturas.”
  • “Uma doença não é nada mais que uma fisiologia perturbada.”
  • “Não há doenças mas sim doentes.”

Still dizia que nenhuma célula do corpo humano poderia viver sem um suporte de sangue arterial e o comando nervoso (sistema neuro vegetativo). Logo o papel do osteopata é simplesmente de impedir todas as obstruções a fim de preservar a homeostasia e isso é conseguido através dos seus conhecimentos de anatomia e fisiologia.

Após uma amamnese completa, ele vai realizar uma avaliação do paciente, tanto a nível articular como muscular ou visceral, a fim de encontrar a lesão primária e normalizá-la.

Podemos definir a medicina osteopática como uma ciência, uma arte e uma filosofia dos cuidados de saúde, com um conceito muito próprio, mas igualmente suportada pelo conhecimento científico em evolução.

A osteopatia considera o ser humano como um todo, como uma unidade completa (biológica, emocional e espiritual) em interligação com o mundo que a rodeia e é dessa forma que esse ser humano deve ser abordado na consulta.

Todo o distúrbio ou trauma que ocorre numa dada área do corpo, pode manifestar-se em qualquer outra área e terá uma repercussão na totalidade do corpo.

O corpo humano tem os seus próprios sistemas de defesa e também de alarme.

A osteopatia pode ajudar em todas as alterações de saúde, consequentes das restrições mecânicas, com consequentes alterações posturais.

A arte da osteopatia consiste em traços gerais, na capacidade de diagnóstico das restrições de mobilidade que por vezes são subtis e na aplicação de um conjunto de técnicas, dirigidas aos diferentes tecidos, tais como, à coluna vertebral, crânio, articulações, fáscias, músculos e órgãos.

O osteopata sabe como funciona o organismo normal. A avaliação do paciente é feita com base num conhecimento profundo das ciências como a anatomia, a fisiologia e a biomecânica.

Desta forma, o osteopata, usando também todos os meios de diagnostico necessários, consegue detetar quais as restrições de mobilidade que o paciente apresenta e o que poderá fazer para reequilibrá-lo.

O sucesso depende da cronicidade e amplitude da lesão e também da capacidade e eficiência dos mecanismos de cura do paciente.

As técnicas aplicadas ao paciente são diferentes de pessoa para pessoa, respeitando algumas particularidades do paciente, tais como a idade, a resistência e a condição física, o modo como poderá reagir ao tratamento e naturalmente, o tipo e localização da lesão.

Um osteopata é um especialista, portador de um grau universitário de nível superior (licenciatura), altamente especializado e em constante atualização.

Os ossos da face e do crânio, mesmo no ser vivo adulto, não estão completamente soldados entre si. Isso deve-se ao facto de haver um pequeníssimo movimento entre eles que impede que isso aconteça. Esta noção é fundamental em osteopatia. Foi um osteopata americano W. G. Sutherland quem desafiou este dogma por volta do ano 1900, quando ainda era estudante da American School of Osteopathy. Este conceito é muito importante, pois podem existir perturbações no crânio, provocadas pelo parto ou outros traumatismos exercidos sobre o crânio, como o caso de quedas ou acidentes, que podem vir a ter repercussões no bom funcionamento do nosso organismo, e que podem e devem ser corrigidas o mais precocemente possível.

No parto, o bebé para ver a luz do dia tem de suportar todo um conjunto de pressões em especial sobre a sua cabeça (face ou crânio).

A cabeça de um bebé, à nascença, é cartilaginosa, o que quer dizer que é relativamente maleável. Isso acontece, porque a ossificação não está totalmente feita. Isto permite-lhe uma melhor adaptação à compressão a que vai estar sujeita durante o parto, assim como moldar-se aos diferentes diâmetros da bacia, que vai ter de ultrapassar na sua descida.

Na maioria dos casos é durante o parto que podem ser criadas no crânio, assimetrias, que por vezes provocam pequenas deformações principalmente em partos mais complicados (má apresentação do bebé ou partos assistidos com fórceps ou ventosas).

Estas deformações normalmente acabam por desaparecer, na sua maioria, alguns dias após o parto. No entanto em alguns casos podem persistir, com a probabilidade de poder haver sequelas posteriormente.

Não é só durante o parto normal que podem ocorrer deformações do crânio. Elas podem ser anteriores ao parto. Um mau posicionamento do feto no útero pode originar estas deformações, e mesmo tratando-se de um parto por cesariana, elas podem existir.

Estas deformações podem provocar diversos sinais ou sintomas que vão variar de acordo com a zona afetada, e podem vir a manifestar-se logo a seguir ao parto, tais como:

  • Distúrbios digestivos, como por exemplo a existência de um refluxo gastro-esofágico (o bolçar constante), que pode ser devido a uma compressão ou estimulação do nervo Vago (X par craniano), junto aos côndilos do occipital.
  • Dificuldade na deglutição, por eventual irritação /compressão do nervo Glosso-faringeo (IX par craniano).
  • Dificuldade na sucção por envolvimento do nervo Grande hipoglosso (XII par craniano).
  • Torcicolos congénitos.
  • Assimetrias visíveis da face.

Tardiamente podem ainda surgir:

  • Algumas patologias das vias respiratórias superiores como as sinusites.
  • Dificuldades de aprendizagem e concentração.

O desenvolvimento assimétrico do crânio pode vir a provocar uma disfunção da ATM (articulação temporo-mandibular), com consequente repercussão sobre a oclusão dentária e a necessidade de correção do posicionamento dos dentes.

Vai também repercutir-se sobre a coluna, através da tensão assimétrica exercida pelos vários músculos, fáscias e ligamentos, com consequentes distúrbios sobre o restante organismo.

O tratamento de Osteopatia é normalmente eficaz, em todos estes casos. Consiste numa abordagem manual muito suave. Além de corrigir as disfunções somáticas que podem vir a influenciar no futuro o funcionamento do nosso organismo, pode também ajudar a recuperar mais rapidamente nos estados de convalescença, assim como a manterem-se saudáveis.

Não podemos esquecer que somos uma unidade funcional e não apenas a soma das várias partes, daí a obrigatoriedade dum tratamento no todo.

É importante a divulgação deste tema pelos diversos profissionais de saúde, para que surja uma equipa multidisciplinar capaz de detetar estes sinais e sintomas precocemente, encaminhar estas crianças, de modo a permitir um tratamento eficaz que assegure um desenvolvimento saudável, tanto físico como psicomotor.

A Osteopatia craniana ou crânio-sagrada não é apenas um conjunto de técnicas aplicadas isoladamente; deve ser exclusivamente realizada por osteopatas na visão holística desta surpreendente e apaixonante disciplina que é a Osteopatia.

Rui Coelho, Eur Ost D.O.